Brites de Almeida teria nascido em Faro em 1350, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna. A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos, teria 6 dedos nas mãos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora.
Contudo, estaria talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira. Não se enquadrava nos típicos padrões femininos e tinha um comportamento masculino, o que se reflectiu nas profissões que teve ao longo da vida.
Aos vinte anos ficou órfã, vendeu os poucos bens que herdou e meteu-se ao caminho, andando de lugar em lugar e convivendo com todo o tipo de gente. Aprendeu a manejar a espada e o pau com tal mestria que depressa alcançou fama de valente.
Teve que fugir de barco para Castela com medo da justiça. Mas o destino quis que o barco fosse capturado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Argélia.
Com a ajuda de dois outros escravos portugueses conseguiu fugir para Portugal numa embarcação que, apanhada por uma tempestade, veio dar à praia da Ericeira. Procurada ainda pela justiça, Brites cortou os cabelos, disfarçou-se de homem e tornou-se almocreve. Um dia, cansada daquela vida, aceitou o trabalho de padeira em Aljubarrota.
Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha de Aljubarrota. Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha e encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saído para ajudar nas escaramuças que ocorriam.
Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os.
A pá foi religiosamente guardada como estandarte de Aljubarrota por muitos séculos, e uma sua réplica faz parte da procissão do 14 de Agosto.
Consta que se casou com um rico lavrador, tão forte quanto ela e das suas façanhas nunca mais se ouviu falar, desconhecendo-se a data da sua morte.
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