sexta-feira, 28 de maio de 2010

4 - Brites de Almeida Escrava em África

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O barco do pirata argelino tomou rumo a oeste, atravessou o estreito de Gibraltar e depois de passadas duas luas, o barco pirata ancorou numa baía, muito resguardada, próximo da cidade de Bugia, que se transformara no centro de pirataria do Mediterrâneo. Aqui faziam-se grandes negócios de escravos e negociavam-se as mercadorias roubadas a galés que atravessavam o Mar Mediterrâneo.
Brites de Almeida e o marinheiro ladrão Peixoto foram transportados num pequeno barco a remos amarrados de pés e mãos, porque qualquer um deles era de confiança. O pirata levou-os para uma grande tenda do seu amigo árabe Moulaye Abdel.
Depois dos tradicionais beijos de saudação, o pirata disse a Moulaye Abdel que tinha mercadoria para negociar. Umas mulheres árabes apareceram com chá de menta e uns bolos de sementes de gergelim que colocaram numa pequena mesa junto dos homens.

Como os dois só falavam em árabe tanto Brites como o seu companheiro de infortúnio não sabiam do que estavam a falar. A conversa era pausada, entre goladas de chá e prolongadas negociações. O árabe olhava com curiosidade para Brites e para o marinheiro.

A certa altura o pirata chegou perto de Brites e sentou-se à sua beira e no seu castelhano disse-lhe:
-Mi amigo dice que tu não te ajustas a su hárem? Te ve como um hombre e el hárem ya tien eunucos. Moulaye Abdel dice como és furte como um hombre, vais tratar de sus camellos.
-
Y tu marinero-ladrón tienes una buena forma física vas al desierto para las caravanas de camellos.

Brites de Almeida foi enviada para uma tenda vigiada por dois homens, deram-lhe uma djellaba, mandaram-na vestir e depois foi enviada para junto da cáfila que pastavam no extremo do arraial de tendas. Era uma quantidade razoável de camelos e somente guardados por quatro homens vestidos com umas djellabas escuras e a cabeça protegida por kefyehs.

Brites não se diferenciava destes árabes. Eles cumprimentaram-na com um baixar da cabeça e um Inshallah a que Brites nem respondeu, talvez por não saber o seu significado.




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